EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE FERTILIDADE DO SOLO EM LAVOURAS DE SOJA INTERPRETADOS COM DUAS RECOMENDAÇÕES OFICIAIS

Resumo

O Brasil apresenta a segunda maior área de cultivo de soja Glycine max L. (Merrill) no mundo, e esta cultura ocupa a maior área de lavouras anuais no país. As elevadas produtividades obtidas com a leguminosa requerem a utilização de uma série de insumos agrícolas e técnicas perfeitamente integradas. A nutrição da cultura da soja de forma adequada é um condicionante preliminar para alcançar a potencialidade das atuais cultivares e dos recursos naturais como a energia solar e o fluxo de água no solo. Alguns elementos minerais são demandados em quantidades elevadas pela cultura e recebem por este aspecto a denominação de macronutrientes, como o Fósforo e o Potássio. O presente trabalho avaliou diversas análises de solos provenientes de lavouras de soja da Região da Campanha destinadas ao cultivo de soja durante quatro anos agrícolas consecutivos.  Foram consideradas amostras de solo de 50 lavouras no ano agrícola 2014/2015, de 78 lavouras no ano agrícola 2015/2016, 101 lavouras no ano agrícola 2016/2017 e, no ano agrícola 2017/2018 80 lavouras. As amostras foram obtidas com a mesma técnica de coleta e os níveis de Fósforo e Potássio foram categorizados conforme os parâmetros oficiais da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional Sul editados em 2004 e com a versão vigente editada em 2016.  Calculou-se conforme cada versão de recomendação oficial a frequência de amostras enquadradas nos níveis Muito Baixo, Baixo, Médio, Alto e Muito Alto e multiplicou-se o valor da frequência pela recomendação de Fósforo e Potássio para a obtenção do nível de produtividade de 3.000Kg por hectare. O somatório dos produtos (frequência de cada nível de disponibilidade multiplicado pela recomendação para esta classe) constituiu dessa forma a adubação representativa para as lavouras consideradas em cada ano agrícola. Verificou-se que os níveis de disponibilidade de Fósforo e de Potássio dos solos cultivados com soja apresentaram em média redução progressiva no decorrer dos anos agrícolas e, em função disto, a adubação com Fósforo e Potássio apresentou tendência de aumento no decorrer dos anos agrícolas. Concluiu-se que o Manual de Calagem e Adubação vigente (Manual, 2016) apresenta a tendência de rebaixar os níveis de disponibilidade de Fósforo e de Potássio do solo em cultivo com soja na Região da Campanha, em relação ao manual anterior (Manual, 2004), o que resulta em recomendação de maior quantidade de Fósforo e de Potássio com a versão atual Manual de Calagem e Adubação.