ESCOLA DA PONTE: ROMPENDO BARREIRAS, APONTANDO CAMINHOS

JULIANA VAZ PAIVA, ÂNGELA SUSANA JAGMIN CARRETTA

Resumo


A Escola da Ponte é uma instituição pública, localizada no município de Santo Tirso, próximo à cidade do Porto, em Portugal. Surgiu na década de 70 e enfrentou dificuldades, tais como indisciplina generalizada, agressão a professores, exclusão social; problemas semelhantes a outras escolas públicas, porém repensou seus objetivos e rompeu paradigmas, utilizando-se de uma organização diferenciada, balizada pela autonomia e solidariedade. Este estudo tem como objetivo analisar a proposta de ensino e os instrumentos pedagógicos da Escola da Ponte, com vistas a compreender as transformações educacionais decorrentes do novo conceito de escola. Trata-se de uma pesquisa exploratória, caracterizada por um estudo bibliográfico, pois é um procedimento adequado à construção dos referenciais teóricos que constituem os trabalhos de conclusão de curso, tendo em vista se tratar de um recorte da proposta desenvolvida para compor o TCC do curso de Pedagogia. Inicialmente, dirigentes e professores da referida escola definiram novos objetivos para nortear a prática educacional e criaram dispositivos pedagógicos diferenciados, dentre os quais o Grupo heterogêneo, o qual rompe com a uniformização e prima pela cooperação; Caixinha dos Segredos para que o aluno possa se comunicar sigilosamente com qualquer um dos membros da comunidade educativa; Acho Bem/Acho Mal, que valoriza a opinião e a livre expressão dos indivíduos, caracterizada pela etapa que seleciona os assuntos pertinentes ao debate em grande grupo; Assembléia, momento semanal, que integra todos os alunos e possibilita o debate de diversos assuntos; Comissão de ajuda; Caixinha dos textos inventados; Eu já sei; Eu preciso de ajuda; Professor tutor; Grupos de responsabilidade e Participação dos pais. A Escola da Ponte acredita que todos os alunos são especiais, uma vez que seus conhecimentos são guiados por experiências pessoais específicas e, assim, dificuldades são existentes na trajetória de todos. Portanto, pode-se considerar esta escola inclusiva, pois sua essência e seus valores são construídos na ajuda mútua e no respeito por todos os saberes, valores e atitudes, de forma igualitária. As práticas pedagógicas realizadas na Escola da Ponte nos fazem refletir que não é necessário manter a estrutura tradicional em nossas escolas. Nem mesmo precisa manter os aspectos físicos, várias salas, com alunos hierarquicamente separados por anos e turmas. Tornam-se dispensáveis professores especializados ensinando disciplinas isoladas, conteúdos sem significado. Projetos dessa natureza ultrapassam objetivos de instrução e atingem objetivos mais amplos de educação, pois o modelo de escola já não é a mera soma de atividades, de horas letivas, de professores e alunos bem organizados em seus devidos lugares e posições. Constitui-se num modelo de formação que redimensionou as práticas pedagógicas, pois o político e o pedagógico se inter-relacionam. A partir da proposta, dá-se significado às atividades desenvolvidas, promovem-se mudanças desejadas e refletidas, privilegia-se a interação participativa, cria-se um lugar que liberta a escola de suas limitações, para repensar os novos rumos da educação.


Palavras-chave


Escola da Ponte; Dispositivos pedagógicos; Práticas pedagógicas.

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