PICADA DE Loxosceles spp EM EQUINO DA RAÇA QUARTO DE MILHA: RELATO DE CASO

LUIZA VICENTINI DE MEDEIROS ROSSI, Ana Luiza Cabral Risch, Juliana Badaro Viero, Fabiana Michelin Fagundes

Resumo


Introdução: A aranha Loxosceles spp, conhecida como aranha marrom, tem hábitos noturnos e alta atividade no verão, sendo sua picada indolor e necrosante, cujos efeitos são dose dependentes. Objetivo: Relatar o caso de um equino da raça Quarto de Milha acometido por picada de aranha marrom. O caso ocorreu em um haras localizado na grande Porto Alegre em janeiro de 2017. O animal apresentou sinais clínicos de claudicação grau III e a articulação metatarso-falangeana (boleto) do membro posterior direito (MPD) edemaciada e com sinais de inflamação oito horas após ter realizado seu treino. Foi administrado fenilbutazona intravenosa, dimetilsulfóxido local e bandagem compressiva. Este protocolo se manteve por três dias. No terceiro dia o animal não apoiava o MPD, claudicação grau V, e apresentou hipertermia. Um exame radiológico foi realizado onde não foram observadas alterações. O tratamento sistêmico foi realizado com dipirona, penicilina e gentamicina. Fenilbutazona e o uso de bandagem compressiva foram mantidos. No dia seguinte observou-se um hematoma na região dorso-medial da quartela do MPD, que após tricotomia e antissepsia cirúrgica foi drenada por meio de punção. Duas outras punções da região da quartela foram necessárias. No sexto dia foi constatada a presença de extensa e profunda necrose na área que apresentou hematoma, sendo esta sugestiva de picada de aranha marrom. Logo, a curetagem cirúrgica da área necrosada foi realizada. A partir deste momento, se fez uso do corticoide dexametasona 0,1mg/kg IM SID por 3 dias, firocoxib 0,1mg/kg PO SID por 10 dias, óleo ozonizado e creme de calêndula para ferida e de fisioterapia. Para esta prática na lesão optou-se pela ultrassonografia terapêutica, laserterapia, ozonioterapia (bagging e intra-retal), sendo estes aplicados conforme a necessidade. Um protocolo de exercício diário, de cinco a 15 minutos de caminhadas no cabresto em piso duro foi aplicado a fim de promover a reabilitação. No décimo dia o equino apresentou claudicação grau III, administrou-se pentoxifilina na dosagem de 7,5mg/kg PO BID. Logo a claudicação tornou-se grau II e o tratamento da ferida foi mantido com pomada de clorexidine, óleo ozonizado, bandagem e fisioterapia. A partir do vigésimo primeiro dia a ferida foi tratada de forma aberta. Resultados: Após 40 dias a lesão apresentou ótima cicatrização, permanecendo o tratamento aliado à fisioterapia. Após 60 dias o paciente foi liberado para caminhadas montado, voltando gradativamente para o seu programa de treino. Conclusão: Quando há suspeita de picada de aranha do gênero Loxosceles o início do tratamento deve ser imediato para obtermos sucesso na recuperação do local do ferimento, visto que as lesões são intensas, necrosantes e de rápida evolução.


Palavras-chave


aranha marrom; necrose; claudicação.

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