OSTEOSSÍNTESE DE FRATURA DE CORPO BILATERAL DE MANDÍBULA

DANDARA DO AMARAL ROBERTO, Luis Felipe Dutra Corrêa, Scarlette Bardim Arebalo, Maurício Machado Carllosso, Sabrina dos Santos Benett, Graciéle Santos do Couto

Resumo


As mandíbulas são dois ossos longos e móveis da face divididos em corpo e ramo. O corpo mandibular é a região onde se encontram os dentes, os alvéolos dentários e os forames da mandíbula e mentual. Por outro lado, o ramo da mandíbula é um prolongamento vertical em direção ao arco zigomático, onde se forma a articulação temporomandibular e onde se fixam importantes músculos mastigatórios. As fraturas de mandíbula são comuns na clínica veterinária, sendo associadas a traumas, neoplasias, periodontites e cistos ósseos. A osteossíntese mandibular deve respeitar alguns princípios como alinhamento oclusal, estabilidade adequada, ausência de danos em tecidos, preservação da dentição e retorno imediato da função para que haja uma estabilização óssea satisfatória. O diagnóstico da fratura é baseado no histórico clínico e na presença palpável da fratura associado a exames radiográficos, priorizando a estabilização do paciente e a manutenção dos cuidados emergenciais. Existem vários métodos para fixação de corpo de mandíbula, como pinos intramedulares, placas acrílicas, placas ósseas, fixadores intrafragmentares e até mandibulectomia parcial, a eleição da técnica dependerá do tipo de fratura, da estabilização do animal e do caso clínico em questão. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um canino macho da raça Poodle, 4 anos, pesando 7 kg que chegou para atendimento no setor de cirurgia com histórico de ter sido atacado por outro cão e não conseguir se alimentar. Os padrões fisiológicos mostraram-se normais durante o exame clínico e na inspeção observou-se o animal com a mandíbula suspensa. Durante a palpação parte do corpo da mandíbula estava flutuante e suspensa pela pele, diante disso foi solicitado o exame de raio-x, onde se evidenciou perda de continuidade óssea no ramo da mandíbula, rostral ao forame mentoniano. O exame hematológico mostrou-se normal para a espécie, sendo então, encaminhada à cirurgia. Após a tricotomia da região e venóclise na veia cefálica, foi administrado solução de Ringer com lactato. A medicação pré-anestésica foi à base de midazolam (0,3 mg.kg-1, IV) associado a ketamina (5 mg.kg-1, IV) e ampicilina (25 mg.kg-1, IV) como antibioticoterapia profilática. O animal foi submetido à antissepsia e posicionado em decúbito dorsal com apoio na região cervical. Procedeu-se a incisão na parte ventral da mandíbula sobre a região da fratura, fazendo a exposição e realinhamento e, após, fixou-se com os fios de cerclagem, o mesmo procedimento foi realizado do lado contralateral. O fechamento foi realizado com pontos do tipo sultan (vicryl 3-0), a dermorrafia foi realizada com ponto padrão isolado simples (fio nylon 3-0). O pós-operatório foi realizado com cetoprofeno (1 mg.kg-1, SID, VO, por 3 dias), tramadol (2mg.kg-1,QID, durante 7dias), cefalexina ( 22 mg.kg-1, BID, durante 10 dias) associado ao metronidazol (15 mg.kg-1, BID, durante 7 dias) e limpeza da ferida com solução fisiológica (cloreto de sódio 0,9%). Os pontos foram retirados após 10 dias sob recomendação de alimentação pastosa por 60 dias. Em 30 dias o animal retornou para revisão mostrando a fratura em processo de cicatrização e realinhamento anatômico preservado. Conclui-se que uso de fios de cerclagem é uma alternativa eficaz na osteossíntese de fratura de corpo bilateral de mandíbula.


Palavras-chave


fixação; cirurgia facial; cerclagem.

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