Impactos da utilização de inteligência artificial no ensino de ciências
Resumo
A utilização da Inteligência Artificial (I.A.) está se desenvolvendo e se tornando mais presente na vida da população. O presente estudo tem como objetivo saber a influência da I.A no ensino e aprendizagem de ciências, através de questionários para alunos do ensino fundamental e médio e professores de ciências. O questionário foi realizado via Google Forms para professores, com perguntas relacionadas a quanto tempo atua como professor de ciências, como foi a inserção da I.A. em suas metodologias de ensino e se os impactos foram positivos ou negativos. Para os alunos foi questionado o seu interesse pelo conteúdo de ciências, as dificuldades e como é sua relação e os impactos com a I.A. Observou-se que a I.A. pode funcionar das duas maneiras, pois é uma ferramenta que pode auxiliar e transformar a aprendizagem no ensino de ciências, porém se utilizado com métodos excessivos, com a capacidade de ser dependente do equipamento, acarreta na diminuição do pensamento crítico, reflexivo e interpretativo do estudante.
Palavras-chave: Influências, educação, ética, dependência, aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A inteligência artificial (I.A.) é uma ferramenta que está crescendo ao longo dos anos, e cada vez mais presente na vida da população. Segundo Tavares, Meira e Amaral (2020), a I.A. não consegue dar conta das mais variadas formas que os alunos aprendem ou não aprendem. Além disso, segundo os mesmos autores, o modo de pensar que a inteligência artificial pode substituir os professores, é um equívoco, mas o seu uso enquanto suporte de aprendizagem, tanto na perspectiva dos alunos quanto professores, pode ser positivo. Mesmo sendo utilizada como suporte, o uso de I.A. não garante objetividade e neutralidade, ou seja, não estão isentas de erros, por serem máquinas. Assim, a I.A. exige uso reflexivo, consciente e crítico, analisando o contexto e as práticas abordadas (Rodrigues e Rodrigues, 2023). No ensino de ciências a utilização de I.A podem trazer impactos positivos em relação aos seus mais variados conteúdos, como uma nova personalização do ensino. Por outro lado, apresenta como desvantagens o saber como lidar com a ferramenta e reconhecer seus erros, pois se não houver uma formação para os professores, para possuir o domínio do equipamento, acarreta em informações falsas. Além disso, também cita-se como desvantagem o não reconhecimento se o trabalho foi desenvolvido pelo aluno ou por I.A, pois o uso em excesso destas ferramentas pode mascarar as deficiências de aprendizado dos estudantes (Carvalho e Gasperacco, 2024).
Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi abordar alunos e professores de Ciências para saber a influência da I.A. no ensino e aprendizagem de Ciências.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo cujos participantes são alunos de ensino fundamental e médio e professores de Ciências. Para obtenção dos dados, foi utilizado um questionário semiestruturado on-line via Google Forms para os professores, com perguntas como, há quanto tempo estes profissionais exercem sua função e como a inteligência artificial modificou suas metodologias de ensino, sendo visto, também, se foram impactos positivos ou negativos; e para os alunos, onde foi questionado se eles se interessam pelo ensino de ciências ou se apresentam alguma dificuldade com a disciplina, também, como a inteligência artificial se faz presente em seu cotidiano, trazendo impactos positivos ou negativos. O questionário foi disponibilizado durante o mês de setembro de 2025 em escolas do município de Bagé-RS. Nestes locais, foram trabalhados conteúdos lúdicos relacionados ao ensino de ciências, aplicado pelo Projeto de extensão DNA (Desenvolvendo Novas Aprendizagens). A partir das respostas, os dados foram tabulados em planilhas e analisados quantitativamente e qualitativamente. Deve-se ressaltar que a participação foi condicionada à leitura e à aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O TCLE apresentou, de forma clara e acessível, os objetivos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados e os possíveis riscos e benefícios envolvidos. O documento também assegurou a confidencialidade e o anonimato das informações fornecidas, garantindo que os dados seriam utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sem a identificação dos participantes. Ressalta-se que a adesão ao estudo foi voluntária, e os participantes foram informados de que poderiam se recusar a responder a qualquer pergunta ou desistir da participação a qualquer momento, sem qualquer prejuízo. O consentimento foi formalizado digitalmente antes do preenchimento dos questionários, garantindo que a participação de cada indivíduo fosse uma decisão consciente e livre.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo 36 estudantes do ensino médio e fundamental, com uma média de 16 anos de idade. Grande parte dos alunos (77,1%) gostam do conteúdo de ciências e muitos utilizam como suporte a I.A. (80,6%), porém relatando que sua frequência de uso não é em excesso e os estudantes desfrutam para fins de orientação, mas, ainda uma quantidade dos alunos (35,3%) ressalta que utiliza, muitas vezes, para responder questões de suas disciplinas. Quando questionados, os alunos destacaram que o uso da I.A. agrega tanto em consequências positivas quanto negativas, alegando que são ótimas ferramentas de auxílio e suporte, porém se utilizado em forma excessiva, pode gerar a dependência e dificuldade de aprendizagem pelas facilitações que a I.A. oferece. Esse resultado corrobora com Carvalho e Gasperacco (2024), os quais mencionam que há uma grande utilização de I.A. por parte dos alunos para o conteúdo de ciências, pois orienta para uma melhor execução da atividade, funcionando como suporte. Porém, os erros que as ferramentas cometem, muitas vezes, passam despercebidos, fazendo com que o aluno tenha uma autoconfiança em uma resposta errada, impedindo o estudante ter o desenvolvimento de um pensamento crítico e impedir a resolução de suas atividades de maneira independente (Carvalho e Gasperacco, 2024). Quanto aos professores, foram obtidas onze respostas. Os docentes relataram possuir uma média de 16 anos de experiência em sala de aula, abordando que a I.A. foi uma mudança nova, em certos casos desafiadora, mas agregando auxílio no ensino, trazendo impactos positivos e negativos. O principal desafio é a aplicação de atividades para os alunos, alegando que os estudantes utilizam a I.A. como forma de facilitar a realização de atividades, através da cópia de conteúdos, sem o pensamento reflexivo, crítico e interpretativo do conteúdo. Argumentam, ainda, que se utilizada de maneira ética e responsável, a I.A. pode ser um equipamento de suporte e de personalização do ensino, além de otimizar o tempo e agregar em ideias que se encontram incompletas, auxiliando professores para novas metodologias, porém complementando que a I.A. deve ser o auxílio e não o “protagonista” na aprendizagem. Atualmente, a aplicação de metodologias ativas vem crescendo no âmbito educacional, sendo o aluno protagonista de sua trajetória, mas junto com as modificações na educação, a tecnologia está se tornando presente no ambiente escolar (Andrade et al., 2024). Com o crescimento de I.A e a utilização excessiva por parte dos estudantes, acarreta em limitações de criatividade e dificuldades de concentração no contexto escolar, dificultando sua autonomia na aprendizagem, desenvolvendo a dependência nestas ferramentas, impedindo o aluno de exercer o protagonismo em sua trajetória educacional e em seu aprendizado (Andrade et al., 2024). Sendo assim, com o crescimento da utilização da I.A. na educação, se faz necessário uma aprimoração na formação docente, para o conhecimento das novas ferramentas e para a utilização de maneira ética, para tornar o uso destes equipamentos acessíveis e utilizados com responsabilidade, para o auxílio no ambiente educacional (Durso, 2024).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação de questionários para alunos e professores de ciências, se mostrou eficaz para a análise de dados sobre a utilização de I.A., no qual está se tornando presente no cotidiano da população e, principalmente, na comunidade escolar. Através disto, foi visto que a utilização da I.A. para o ensino de ciências, pode impactar de maneiras positivas e negativas o aprendizado. Se a I.A. for empregada de uma forma dependente e excessiva, pode fazer com que os estudantes não coloquem em prática o raciocínio crítico e interpretativo para a resolução de tarefas. Mas, se aplicada de maneira ética e responsável, se torna uma excelente ferramenta para suporte e transformação no ambiente educacional, tanto para alunos quanto para os professores.
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PDFReferências
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