VIOLÊNCIA POPULAR: O LINCHAMENTO COMO MÉTODO DE JUSTIÇAMENTO E SEUS RECORTES DE RAÇA, CLASSE E GÊNERO.

Fernanda Serpa de Govea

Resumo


Esta pesquisa está em desenvolvimento como Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de bacharel em Direito pelo Centro Universitário da Região da Campanha/URCAMP, e tem como objetivo principal analisar se o ceticismo em relação ao judiciário e a disseminação de discursos de ódio contribuem para que ocorram linchamentos. Especificamente, busca-se identificar a raça, classe social e gênero da vítima do justiçamento; analisar se há maior probabilidade de grupos específicos serem alvos de justiceiros; compreender se a disseminação do discurso de ódio estimula a prática do justiçamento e identificar os impactos que o justiçamento causa dentro do devido processo legal. O questionamento central da pesquisa é: Quais os principais motivos para a ocorrência de linchamentos? A hipótese inicial sugere que a desigualdade social contribui para que haja uma inobservância do Estado em determinadas localidades, o que acaba gerando um ceticismo judiciário, já que a população não vê a atuação do Poder Judiciário no seu cotidiano, contribuindo para que haja a criação de justiceiros, pois acabam usufruindo - de forma ilegítima, o poder coercitivo do Estado, somada a crescente disseminação do discurso de ódio, no qual pode gerar a concepção de que “a polícia prende e o judiciário solta”, proporcionando a criação de justiceiros, no qual acabam vendo na violência popular uma forma de “justiça”. Os métodos de abordagem utilizados foram o indutivo, com análise de casos veiculados nas mídias digitais, abrangendo o período de 2010 a 2025. Foram analisados os casos de justiçamento com motivação punitiva, independente do desfecho. Adotou-se a amostragem intencional por saturação, priorizando os casos com maior repercussão midiática, e o método dialético, no qual buscou compreender o contexto histórico e social do tema, sendo desenvolvido a partir da técnica de pesquisa bibliográfica e documental. 



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Referências


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