PLANTAS TÓXICAS PARA ANIMAIS DE COMPANHIA: PERCEPÇÃO E CONHECIMENTO DE TUTORES
Resumo
Grande parte das intoxicações por plantas em pequenos animais está relacionada devido à falta de informação dos tutores, que muitas vezes desconhecem o potencial tóxico das espécies presentes em seus lares. O objetivo do trabalho foi identificar as principais plantas domésticas e ornamentais tóxicas para cães e gatos, bem como avaliar a percepção e o nível de conhecimento dos tutores sobre os riscos de intoxicação associados a essas espécies. Para isso foi aplicado um questionário a 54 tutores de animais durante a Feira de Exposições de 2025, em Bagé (RS). Do total, 37,1% eram tutores de cães, 2,9% de gatos e 31,4% possuíam ambas as espécies. Verificou-se que 57,1% relataram conhecer ao menos uma planta tóxica, sendo Espada-de-São-Jorge (Dracaena trifasciata), Lírio (Lilium) e Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine) as mais citadas. Contudo, 42,8% afirmaram não ter conhecimento prévio sobre o tema. Além disso, 65,7% dos participantes declararam possuir ou já ter possuído espécies reconhecidamente tóxicas, como Lírio, Espada-de-São-Jorge, Samambaia e Comigo-ninguém-pode. As respostas dissertativas evidenciaram tanto preocupação quanto subestimação dos riscos, além de relatos de intoxicação em animais. Os resultados apontam para um conhecimento limitado e fragmentado por parte dos tutores, reforçando a necessidade de ações educativas em espaços públicos e comunitários. A ampliação da divulgação de informações claras e acessíveis é fundamental para a prevenção de intoxicações e a promoção do bem-estar dos animais de companhia.
Palavras-chave: Intoxicações; Pets; Riscos domésticos.
Introdução
A proximidade entre seres humanos e animais domésticos, em especial cães e gatos, tem favorecido a criação de ambientes integrados, nos quais convivem não apenas pessoas e pets, mas também diferentes espécies de plantas ornamentais presentes no lar. Entretanto, a inclusão de plantas com potencial tóxico nesses ambientes configura um risco discreto, porém significativo, para a saúde de cães e gatos ( SANTOS et al., 2025).
A ingestão de plantas tóxicas ocorre em pequenos animais, por tédio, idade e mudança de ambiente, em filhotes particularmente, por curiosidade (MARTINS et al., 2013). Os resultados das intoxicações variam desde sinais clínicos leves até quadros fatais. A intoxicação por plantas ocorre mundialmente, porém sua frequência e intensidade variam conforme a região em que estão situadas (SANTOS et al., 2013).
As plantas possuem substâncias tóxicas que por suas propriedades biológicas, físico, químicas ou físico-químicas provocam alterações no organismo, que por consequência originam distintas respostas biológicas no organismo vivo. Entre os principais sistemas afetados, destacam-se o digestivo com manifestações como náuseas, vômitos e diarréia, sistema endócrino associado a alterações como oligúria e polidipsia, além de outros comprometimentos, incluindo distúrbios respiratórios, hiperemia, hipertermia e ressecamento da pele e das mucosas (MARTINS et al., 2013).
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo destacar as principais plantas domésticas e ornamentais tóxicas para cães e gatos, também como avaliar a percepção e o nível de conhecimento dos tutores sobre os riscos de intoxicação causados pelas mesmas, visto que muitas vezes possuem tais plantas em ambiente domiciliar sem o conhecimento do seu potencial tóxico.
metodologia
A pesquisa foi desenvolvida por acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária no período de setembro de 2025. Para coleta de dados, utilizou-se um questionário estruturado, contendo questões de múltipla escolha e dissertativas, elaborado com base em informações técnico-científicas sobre plantas ornamentais e domésticas potencialmente tóxicas para animais de estimação.
O instrumento foi aplicado de forma presencial durante a Feira de Exposições de 2025, realizada no município de Bagé, RS, contemplando tutores de cães e gatos que visitavam o evento. A participação foi voluntária e anônima, mediante consentimento dos respondentes.
Os dados obtidos foram organizados em planilha eletrônica, sendo as questões de múltipla escolha analisadas por meio de estatística descritiva (frequência absoluta e relativa), enquanto as respostas dissertativas foram categorizadas de acordo com a recorrência de termos e ideias, possibilitando identificar percepções e lacunas de conhecimento dos participantes sobre o tema.
Resultados e discussão
Foi aplicado um questionário a 54 tutores de cães e gatos durante a Feira de Exposições de 2025, realizada no município de Bagé, RS. Do total de participantes, 37,1% eram tutores de cães, 2,9% de gatos e 31,4% possuíam ambas as espécies.
Em relação ao conhecimento sobre plantas tóxicas, verificou-se que 57,1% afirmaram conhecer pelo menos uma espécie considerada nociva, enquanto 42,8% declararam não ter conhecimento sobre o tema. Entre os que possuíam conhecimento prévio, as plantas mais citadas foram Espada-de-São-Jorge (Dracaena trifasciata) (Figura 1), Lírio (Lilium) (Figura 2) e Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine) (Figura 3).
Os resultados obtidos demonstram que, embora parte dos tutores apresente algum conhecimento sobre plantas tóxicas, ainda existe um número expressivo de participantes que desconhecem os riscos que determinadas espécies representam para cães e gatos. Esse achado é consistente com estudos anteriores que apontam a falta de informação como um dos principais fatores associados à ocorrência de intoxicações em animais de companhia (MARTINS et al., 2013)
Quando questionados sobre a presença dessas plantas em suas casas, 65,7% dos tutores relataram possuir ou já ter possuído espécies reconhecidamente tóxicas para animais de estimação, destacando-se Lírio (Lilium), Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata), Samambaia (Tracheophyta) e Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine) conforme pode ser observado na Figura 1.
A presença de espécies tóxicas no ambiente doméstico relatada pelos tutores reforça a vulnerabilidade dos animais de estimação, sobretudo pela facilidade de acesso a plantas ornamentais amplamente comercializadas e cultivadas. Além disso, as respostas dissertativas evidenciaram tanto a preocupação dos tutores quanto à subestimação dos riscos, indicando a necessidade de maior disseminação de informações claras e acessíveis sobre o tema.
Nas questões dissertativas, observou-se a recorrência de termos relacionados à preocupação com a saúde dos animais, mas também emergiram respostas que evidenciam lacunas de informação e subestimação dos riscos. Alguns tutores relataram episódios de intoxicação, reforçando a relevância da temática para a prevenção de acidentes domésticos.
De forma geral, os resultados apontam para um conhecimento limitado e fragmentado por parte dos tutores, evidenciando a necessidade de ações educativas voltadas à divulgação dos riscos associados às plantas tóxicas para cães e gatos.
A ocorrência de relatos de intoxicação corrobora a relevância de ações de extensão e campanhas educativas em eventos públicos, feiras agropecuárias e espaços comunitários, contribuindo para a promoção da saúde animal e para a prevenção de acidentes evitáveis.
Figura 1. A-Espada-de-São-Jorge (Dracaena trifasciata). B-Lírio da Páscoa (Lilium longiflorum). C-Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia seguine).Samambaia (Tracheophyta).
ConclusÃO/considerações finais
O presente estudo possibilitou a percepção que, embora parte dos tutores de cães e gatos tenham algum conhecimento sobre plantas domésticas e ornamentais tóxicas, ainda pode-se observar uma parcela significativa que não possui ciência sobre os riscos que essas espécies oferecem aos animais. Foi possível observar também que muitas dessas plantas estão presentes no dia a dia dos tutores, evidenciando a vulnerabilidade dos pets diante da exposição a tais plantas.
Os resultados apontam para um conhecimento superficial e incompleto por parte dos tutores, além de relatos de intoxicação que reforçam a importância da temática para a saúde animal. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de ampliar a disseminação de informações claras e acessíveis, promovendo maior conscientização e prevenção, de modo a reduzir os riscos de intoxicação e garantir o bem-estar dos animais de companhia.
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PDFReferências
MARTINS, Danieli Brolo et al. Plantas tóxicas: uma visão dos proprietários de pequenos animais. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR , v. 1, 2013.
SANTOS, C. R. O. Plantas ornamentais tóxicas para cães e gatos presentes no nordeste do Brasil. Medicina Veterinária, v. 7, n. 1, p. 11-16, 2013.
SILVA, Dierly Ricardo; DA SILVA, Cristiane Sandra. Frequência de intoxicação em animais de pequeno porte em uma clínica veterinária da cidade de Patos de Minas-MG: análise sobre a quantificação dos atendimentos no ano de 2021. Revista GeTeC, v. 11, n. 35, 2022.
VITÓRIA DOS SANTOS, Gabriella et al. Intoxicação por plantas ornamentais em cães e gatos. Pubvet, v. 19, n. 06, p. e1785-e1785, 2025.
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