POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DA MICROALGA SYNECHOCCOCUS NIDULANS PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS ÁCIDAS DE DRENAGEM DA REGIÃO DE MINERAÇÃO EM CANDIOTA – RS

Paulo Fernando Marques Duarte Filho, Paulo Fernando Marques Duarte Filho, Candice Soares Dias

Resumo


O Brasil dispõe de uma das maiores reservas de carvão da América. A mais importante é a jazida de Candiota, situada na Borda Sul da Bacia do Paraná, localizada no município de Candiota RS, por possuir cerca de 12 bilhões de toneladas, contribui com 37,9% do total das reservas nacionais. Contudo, a atividade mineradora pode causar impacto ambiental, no que tange as águas de drenagens, as quais podem conter metais pesados, resultando em danos inevitáveis ao meio ambiente prejudicando a qualidade da água e o desenvolvimento da fauna e flora local, bem como as culturas agropastoris. A biorremediação, captação e retenção de uma substância por um organismo a partir de qualquer fonte é uma alternativa. Nesse âmbito, esse trabalho teve por objetivo o cultivo da microalga Synechococcus nidulans em águas de drenagem da região de mineração do município de Candiota a fim de demonstrar seu potencial biotecnológico para o tratamento deste tipo de efluente. Foram realizados experimentos preliminares com a microalga Synechococcus nidulans para avaliar seu metabolismo favorável a biorremediação de águas ácidas de drenagem, avaliando seu crescimento em diferentes valores de pH e diferentes concentrações de cádmio. Foi realizada coleta da água de drenagem em uma área da Companhia Riograndense de Mineração, denominada “malha I” que possui problemas com Drenagem Ácida de Mineração. Submeteu-se a água de drenagem a microalga Synechococcus nidulans em condições de laboratório para verificar seu crescimento e por consequência sua potencialidade no tratamento de efluente proveniente da atividade de mineração. Os experimentos foram realizados utilizando três meios diferentes, empregando somente efluente autoclavado como meio, efluente autoclavado com adição de Nitrato de Sódio e Bicarbonato de Sódio como meio e somente meio Zarrouk (controle) em estufas do tipo BOD não estéril a 28±1°C com foto-período de 12h por 20 dias. Constatou-se o crescimento e a alcalinização do meio de cultivo para os experimentos com diferente valores de pH quando iniciados em 6,0 , para 4,0 não houve crescimento expressivo, já no pH 1,5 a microalga não sobreviveu. No experimento com concentrações diferentes de cádmio observou-se que os valores de biomassa obtidos ao final do cultivo tanto para os cultivos realizados somente com meio Zarrouk, quanto para os realizados com cádmio foram semelhantes. Pode-se inferir que de alguma forma a microalga assimilou o metal pesado presente no meio de cultivo. Quando cultivadas no efluente da Malha I a concentração celular final obtida para os cultivos utilizando o efluente suplementado com NaHCO3 e NaNO3 obtiveram maior valor quando comparado com os cultivos utilizando somente o efluente. Isso foi devido ao baixo valor de pH que este tipo de efluente possui, o que está fora da faixa do metabolismo da microalga. Através dos experimentos realizados com o efluente gerado pela drenagem ácida de mineração pode-se concluir que a microalga apresenta crescimento limitado em águas de drenagens ácidas mesmo suplementadas com NaHCO3 e NaNO3. A utilização desse efluente para o crescimento da microalga requer uma nova abordagem para torna-se talvez uma alternativa biotecnológica para o tratamento do mesmo. É necessária a obtenção de informações que permitam avaliar e comprovar através de análise de absorção atômica a capacidade de retenção de metais pesados pela microalga, também caracterização do efluente quanto a presença de metais pesados.


Palavras-chave


efluente, microalga, metais pesados

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