A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA INFÂNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Izadora Nascimento, Manuella Ibargoyen, Fabiana da Silva

Resumo


O projeto “Mala da leitura: porque ler é também viajar...”, realizado na fronteira entre Santana do Livramento e Rivera, mais especificamente no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSUL), tem como objetivo trabalhar com o ensino de língua estrangeira para crianças (entre cinco e sete anos) por meio da leitura. O referido projeto terá um ano de duração e está sendo executado em parceria com duas escolas, uma localizada no Uruguai onde se trabalha com a língua portuguesa e outra no Brasil, na qual se ensina a língua espanhola por meio da contação de estórias. O público-alvo é composto por duas turmas de crianças e abrange em média trinta alunos. Neste resumo, pretende-se expor um pouco do trabalho realizado na escola santanense, de modo a ressaltar a importância da leitura na infância. Cabe destacar que, antes que o projeto fosse colocado em prática, observou-se que grande parte dos alunos que ingressa no IFSUL traz consigo muitas dificuldades de escrita e de interpretação, o que pode impactar o seu desempenho em todas as disciplinas, visto que os mesmos não conseguem abstrair com eficiência aquilo que lhes é solicitado nos enunciados de diferentes de tarefas. Essas dificuldades, por sua vez, tendem a aumentar à medida que o discente avança em seus estudos, tornando-se, assim, um entrave para a sua aprendizagem. Quando se fala em dificuldades de interpretação, não se está falando apenas em língua portuguesa, muito pelo contrário, essa habilidade se estende a todos os campos do conhecimento e se torna um problema seríssimo quando não sanado no ambiente escolar. Uma das principais causas dessa dificuldade se deve à falta de leitura, visto que a grande maioria desses discentes não possui o hábito de ler. Estudos apontam que quando mais cedo o aluno for incentivado à leitura, mais fácil será para ele torná-la um hábito. Seguindo nessa perspectiva, diversos pesquisadores defendem que há uma estreita relação entre a leitura e a escrita e que essas habilidades devem ser desenvolvidas paralelamente. No entanto, costuma-se dar muito mais ênfase à escrita do que à leitura. Uma das possíveis justificativas para tal escolha diz respeito ao fato de que avaliar um aluno pelos seus acertos e “erros” de escrita é muito fácil do que avaliar a capacidade leitora do mesmo. Levando em consideração tais processos, Cagliari (1994, apud Massini-Cagliari, 1994, p. 26) defende que “no processo de alfabetização, a leitura precede a escrita”, pois, para ele, “a escrita nem precisa ser ensinada se a pessoa souber ler”. Em resumo, o referido autor acredita que o fundamental é sempre partir da leitura, ensinando as relações entre letras e sons, mostrando como essas relações são diferentes em um sistema ortográfico. Por conseguinte, quem possui o hábito de ler, tende a se expressar melhor e com mais facilidade, tanto de forma oral quanto de forma escrita. De acordo com Cagliari (1997), “a atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura”. Para o pesquisador é muito mais importante saber ler do que saber escrever, uma vez que quem escreve, escreve para ser lido. Logo, a finalidade da escrita é sempre a leitura. E é nesse sentido que as escolas devem atuar: criando espaços para a leitura de modo a motivar esses discentes e a intermediar o acesso ao conhecimento, pois muitos desses aprendizes não costumam ter esse tipo de incentivo em casa. Levando em consideração os aspectos apresentados, pode- se dizer que esse projeto justifica-se em razão de que “o aluno só saberá a importância da leitura se criar o hábito e sentir o prazer em ler, porque a Literatura é a representação de uma cultura, sendo de fundamental importância no desenvolvimento intelectual da criança” (TRAMONTIN CÂMARA, 2009, p.10). Nesse sentido, a autora sustenta que “ensinar a ler e escrever por meio de histórias infantis faria com que essa tarefa ficasse muito mais prazerosa e simples, e, ao mesmo tempo, estaríamos formando, além de crianças alfabetizadas, leitores assíduos, bons escritores e profissionais criativos”. Enfim, ainda que o projeto em questão tenha poucos meses de execução (cerca de três meses), pode-se dizer que o mesmo já apresenta resultados, tais como uma maior entrega do público-alvo perante as atividades propostas e maior interação com as bolsistas. Acredita-se que isso se deva ao fato de que o aprendizado da língua estrangeira (no caso o espanhol) vem sendo aprimorado a cada encontro. Além disso, percebe-se que as crianças estão criando gosto pela leitura, o que, possivelmente, vem sendo motivado pelas dinâmicas trabalhadas, pois, conforme explicitado anteriormente, quando se trata de leitura na infância, essa deve ser trabalhada de forma divertida e prazerosa para que se torne um hábito. 

Referências bibliográficas:

CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. 10a ed. São Paulo: Scipione, 1997.

MASSINI-CAGLIARI, G. Decifração da escrita: um pré-requisito ou uma primeira leitura?. Campinas: Mercado Aberto, 1994, p. 24 – 27.

TRAMONTIN CÂMARA, M. A importância da leitura na alfabetização. Trabalho de conclusão de curso. Criciúma: Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), 2009.


Palavras-chave


Leitura; Espaço lúdico; Infância.

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