EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA HIPERTENSOS POR MEIO DAS REDES SOCIAIS

Laura Costa Ritta, Elen Zamberlan Seccon, Viviane Favretto, Maria Luiza Madureira Bortolotto, Gabriela da Silva Schirmann

Resumo


Laura Costa Ritta1, Elen Zamberlan Seccon2, Viviane Favretto3, Maria Luiza Madureira Bortolotto4, Gabriela da Silva Schirmann5      

1 – Acadêmica do Curso de Nutrição do Centro Universitário da Região da Campanha-URCAMP lauraritta197516@sou.urcamp.edu.br

2 – Acadêmica do Curso de Nutrição do Centro Universitário da Região da Campanha-URCAMP

3 – Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Região da Campanha-URCAMP

4 – Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Região da Campanha-URCAMP

5 – MSc. em Agroecossistemas do Centro Universitário da Região da Campanha-URCAMP

 

A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica com alta prevalência e baixas taxas de controle, aumentando o risco de complicações graves. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico de indivíduos com hipertensão arterial sistêmica, a fim de produzir materiais educativos voltados a essa população. Trata-se de um estudo transversal quantitativo em que as informações foram coletadas a partir de um formulário on-line respondido por 185 pessoas, com mais de 18 anos e de ambos os sexos. Dos participantes da pesquisa, 26,49% revelaram ter hipertensão arterial. Entre os hipertensos, predominaram participantes do gênero feminino (87,76%), na faixa etária de 51 a 60 anos (36,73%) e com sobrepeso (42,86%). Quanto aos hábitos de vida, a maioria praticava atividades físicas ao menos uma vez por semana (59,19%), já consultou com nutricionista (61,22%), consumia álcool raramente (53,06%) e nunca fumou (73,47%). Após, divulgaram-se materiais educativos sobre a hipertensão arterial por meio de redes sociais. Portanto, a educação em saúde é fundamental no combate à hipertensão arterial sistêmica, à medida que aumenta a compreensão dos hipertensos sobre a doença e lhes concede maior autonomia na mudança de hábitos que afetam a própria saúde.

 

Palavras-chave: Hipertensão Arterial Sistêmica; Doenças Crônicas Não Transmissíveis; Educação em Saúde; Estilo de Vida; Observância e Adesão ao Tratamento.

 

INTRODUÇÃO

 

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) representa um grave problema de saúde pública no Brasil, com alta prevalência e baixas taxas de controle (Brasil, 2014). Trata-se de uma doença crônica caracterizada por níveis de pressão arterial maiores ou iguais a 140 x 90mmHg e seus fatores de risco incluem genética, sexo, etnia, idade, sedentarismo, excesso de peso, ingestão elevada de sódio, baixa escolaridade e baixa renda familiar (Barroso et al., 2020).

Portanto, os pacientes devem ter acompanhamento médico contínuo, com o monitoramento da pressão arterial (Barroso et al., 2020). O tratamento se dá pelo uso de medicamentos e pela melhora dos hábitos de vida (Jordan, Kurschat e Reuter, 2018). Entretanto, a má adesão ao tratamento frequentemente ocasiona o descontrole da pressão arterial, aumentando o risco de complicações da doença (Creme e Martins, 2019).

Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico de indivíduos com hipertensão arterial sistêmica, a fim de produzir materiais educativos voltados a essa população.

METODOLOGIA

Utilizou-se o método hipotético dedutivo, primeiramente apresentado por Popper no ano de 1935 (Marconi e Lakatos, 2006, p. 106). Trata-se de um estudo transversal quantitativo em que as informações foram coletadas por meio de um formulário on-line Google Forms com perguntas fechadas e abertas a fim de determinar a prevalência da HAS entre os participantes e traçar o perfil da população hipertensa.

A amostra do estudo foi a população em geral que teve acesso ao questionário por meio do link disponibilizado em aplicativo de conversas. O período de coleta de dados foi compreendido entre março de 2022 e junho de 2022. Foram incluídas na pesquisa pessoas maiores de 18 anos de ambos os sexos que tenham aceitado participar da pesquisa por meio do aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a Resolução 466/2012 do CNS. As respostas foram posteriormente tabuladas no Excel® e submetidas à avaliação estatística.

O estado nutricional dos participantes foi determinado a partir dos pontos de corte do IMC para adultos (OMS, 1995) e para idosos (The Nutrition Screening Initiative, 1994) propostos pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Responderam ao questionário 185 pessoas, sendo 81,08% (n=150) do gênero feminino e 8,92% (n= 35) do gênero masculino, entre as quais 26,49% (n=49) relataram o diagnóstico de hipertensão arterial. Em comparação, um estudo de Tognoli (2021) encontrou uma maior prevalência de hipertensos, com 35,86% (n=3064).

Conforme a Tabela 1, entre os participantes hipertensos, predominaram pessoas na faixa etária de 51 a 60 anos, com prevalência de 36,73% (n=18), do gênero feminino, com 12,24% (n=6), e pós-graduados, com 38,78 (n=19). A maioria apresentou excesso de peso, com prevalência de 42,86% (n=21) para sobrepeso e 20,41% para obesidade (n=10). Salomão et al. (2020), em uma pesquisa com hipertensos, identificaram níveis aproximados de sobrepeso, de 40,48% (n=17), com maior prevalência de obesidade, de 40,48% (n=17).

Tabela 1. Gênero, faixa etária, nível de escolaridade e estado nutricional de hipertensos

Variáveis

n (49)

Percentual (%)

Gênero

 

 

Masculino

6

12,24

Feminino

43

87,76

Faixa etária

 

 

18 a 30 anos

1

2,04

31 a 40 anos

0

0,00

41 a 50 anos

13

26,53

51 a 60 anos

18

36,73

61 a 70 anos

14

28,57

71 anos ou mais

3

6,12

Nível de escolaridade

 

 

Ensino fundamental I

1

2,04

Ensino fundamental II

6

12,24

Ensino médio

9

18,37

Ensino superior

14

28,57

Pós-graduação

19

38,78

Estado nutricional

 

 

Baixo peso

4

8,16

Eutrofia

14

28,57

Sobrepeso

21

42,86

Obesidade

10

20,41

Fontes: os autores (2022).

A maioria, 89,58% (n=43), utilizava 1 ou 2 medicamentos para o controle da pressão arterial (Tabela 2). Em relação aos fatores que podem comprometer o tratamento medicamentoso, os mais mencionados foram a dificuldade em ler as embalagens, com 6,12% (n=3) e o esquecimento, com 4,08% (n=2). Em um estudo de Gewehr et al. (2018), realizado com pacientes hipertensos, esses problemas foram relatados com maior frequência, com 20,69% (n=30) para dificuldade em ler as embalagens e 11,03% (n=16) para esquecimento.

Somente 61,22% (n=30) dos hipertensos relatou já ter realizado acompanhamento nutricional. Porém, a falta de orientação profissional dificulta a adoção de uma alimentação adequada e a manutenção de um peso saudável, os quais fazem parte do tratamento não medicamentoso da HAS (Oliveira, 2020).

Tabela 2. Caracterização do tratamento medicamentoso e estilo de vida de hipertensos

Variáveis

n (49)

Percentual (%)

Medicamentos anti-hipertensivos

 

 

Nenhum

1

2,08

1 ou 2

43

89,58

3 ou mais

4

8,33

Dificuldades no uso de medicamentos

 

 

Nenhuma/não utiliza medicamentos

42

85,71

Esquecimento

2

4,08

Aquisição dos medicamentos

1

2,04

Dificuldade em ler as embalagens

3

6,12

Efeitos colaterais

1

2,04

Se já consultou um nutricionista

 

 

Sim

30

61,22

Não

19

38,78

Prática de atividades físicas

 

 

Não pratica

20

40,82

1 a 2 vezes por semana

22

44,90

3 ou mais vezes por semana

7

14,29

Consumo de álcool

 

 

Diariamente

1

2,04

Semanalmente

8

16,33

Mensalmente

1

2,04

Raramente

26

53,06

Nunca

13

26,53

Tabagismo

 

 

Nunca fumou

36

73,47

Fumante

1

2,04

Ex-fumante

12

24,49

Fonte: autores, pesquisa eletrônica (2022).

Verificou-se que 59,19% (n=29) dos participantes hipertensos praticavam atividades físicas ao menos uma vez na semana. Em comparação, um estudo realizado com a população hipertensa demonstrou que apenas 23,7% (n=54) dos participantes realizavam atividade física (Castro et al., 2019).

O consumo de álcool foi relatado por 73,47% (n=36) dos hipertensos. Já em um estudo de Oliveira (2020), desenvolvido com indivíduos hipertensos, somente 33,75% (n=27) declararam ingerir bebidas alcoólicas. O tabagismo foi relatado por apenas 2,04% (n=1) dos participantes, mas 24,49% (n=12) eram ex-fumantes. Outra pesquisa com a população hipertensa encontrou uma maior prevalência de fumantes, com 23,81% (n=10), com uma prevalência semelhante, 23,81% (n=10), de ex-fumantes (Salomão et al., 2020).

Os hábitos de vida não saudáveis, incluindo a alimentação inadequada, o sedentarismo, o uso de álcool e o tabagismo, contribuem para a elevação da pressão arterial, aumentando o risco de complicações da HAS, como infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e falência renal (Oliveira, 2020).

Enfim, foram divulgados em redes sociais materiais educativos sobre mudanças no estilo de vida e a importância do tratamento medicamentoso da HAS, incentivando hipertensos a melhorarem sua adesão ao tratamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo, grande parte dos participantes apresentaram um estilo de vida incompatível com as atuais recomendações para a população hipertensa, além de relatarem dificuldades na adesão ao tratamento. Portanto, é fundamental a orientação correta dos pacientes hipertensos, à medida que aumenta a sua compreensão acerca da doença e lhes concede maior autonomia na mudança de hábitos que afetam a própria saúde.

REFERÊNCIAS

BARROSO, W.  K. S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, n. 3, p. 516-658, 2020.

 

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

 

CASTRO, L. S. et al. Perfil epidemiológico da hipertensão arterial sistêmica em uma população da zona urbana do Maranhão. Revista eletrônica Acervo Saúde, n. 18, p. 1-10, 2019.

 

CREME, L. G.; MARTINS, Z. S. Qualificar o atendimento aos pacientes hipertensos atendidos na UBS 'Neco Fonseca', Jerumenha – Piauí. 2019. 8f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Saúde da Família) – Universidade Federal do Piauí, Piauí, 2019.

 

GEWEHR, D. M. et al. Adesão ao tratamento farmacológico da hipertensão arterial na Atenção Primária à Saúde. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 42, n.116, p. 179-190, 2018.

 

JORDAN, J.; KURSCHAT, C.; REUTER, H. Arterial hypertension: diagnosis and treatment. Deutsches Ärzteblatt International, v. 115, n. 33-34, p. 557-568, 2018.

 

MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Metodologia científica: educação à distância. In: ROVER, A. (Coord.) Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Joaçaba, 2006.

 

OLIVEIRA, M. R. Análise do perfil epidemiológico dos hipertensos cadastrados no programa Hiperdia na Estratégia Saúde da Família Boa Mira do município de Boa Esperança – ES. 2020. 68f. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação) – Faculdade Vale do Cricaré, São Mateus, 2020.

 

SALOMÃO, J. O. et al. Obesidade, ingestão de sódio e estilo de vida em hipertensos atendidos na ESF. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 6, p. 16002-16016, 2020.

 

TOGNOLI, S. H. Fatores de risco cardiovascular dos participantes das campanhas de prevenção e combate à hipertensão arterial realizadas em Ribeirão Preto – SP no período de 2000 a 2019. 2021. 91f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2021.


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Referências


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