RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: A COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA PARA O DESTINO DO LIXO ORGÂNICO PRODUZIDO NA UNIPAMPA, CAMPUS DOM PEDRITO - RS

Arthur Fernandes Bettencourt, Filipe Mello Dorneles, Etiane Skrebsky Quadros, Caroline Ferreira Mainardi

Resumo


A preocupação com desenvolvimento sustentável e com ações de gestão ambiental vem ganhando espaço nas instituições de ensino. Desse modo, as ações implementadas pelas instituições de ensino superior rumo a sustentabilidade, constituem-se num processo gradativo de redução dos impactos ambientais, provenientes de decisões e atividades de âmbito universitário, além da promoção da conscientização ambiental no ensino, na pesquisa e na extensão (TAUCHEN apud MATIAS, 2014). Segundo Capra (1996) o ecossistema foi concebido de forma a não produzir resíduos, uma vez que se constitui em uma cadeia perfeita em que os resíduos de uma espécie são alimentos de outra. Nesse contexto, a noção de reciclagem faz parte de um ciclo natural da vida. Mais da metade de todo lixo produzido no Brasil é composto por resíduos orgânicos que inclui restos de alimentos como frutas, legumes e folhagens que são consumidos diariamente. Essas sobras que, muitas vezes, vão para aterros sanitários e lixões, podem ser transformados em adubo orgânico para serem utilizados em hortas, parques, praças e jardins (FERREIRA, 2014). Os autores Oliveira et al. (2005), complementam que, do total do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas. Nesta perspectiva, o trabalho tem como objetivo geral quantificar o lixo orgânico produzido na Universidade Federal do Pampa, campus Dom Pedrito – RS para, posteriormente, reaproveita-lo por meio de um processo natural denominado compostagem. Especificamente, objetiva-se: (a) fomentar a responsabilidade socioambiental entre os servidores e alunos do campus; (b) armazenar e tratar de forma adequada o lixo orgânico gerado pelo restaurante universitário (RU), cantina, cozinha dos servidores e jardinagem; (c) desenvolver eventos educativos relacionados ao reaproveitamento de resíduos orgânicos; (d) projetar uma composteira com capacidade de armazenamento para o lixo orgânico produzido no campus. Metodologicamente, as ações foram estruturadas em etapas. Na primeira, foram realizadas visitas aos locais em que se produz lixo orgânico no campus, para explanação do projeto. Posteriormente, foram realizadas reuniões com os distintos setores, afim de se criar um cronograma de separação do lixo e de coleta, pelos alunos envolvidos no projeto. Após o cronograma, deu-se início a coleta do lixo, que ocorreu durante os meses de setembro e outubro de 2016, totalizando 25 dias. O lixo orgânico foi coletado diariamente no RU e na cozinha dos servidores do campus, no período da manhã e tarde. Também foi coletado restos vegetais oriundos da roçada no campus. Para a coleta do material, foi utilizado um quadro de madeira, medindo 1 m². O quadro foi colocado em diferentes pontos do campus e foi coletado o resíduo vegetal que estava em seu interior, totalizando 10 m². Além disso, para dar liga ao composto, foi utilizado esterco de galinha de pequenas criações familiares ao redor do campus. Todo material coletado foi pesado, separadamente, em balança de 100 kg e posteriormente depositado em uma composteira de madeira de pinus de dimensões de 40 cm de altura x 2 m de comprimento x 1,90 cm de largura. O composto foi revolvido a cada 15 dias. Após a análise dos dados, foram obtidos 45,06 kg de lixo orgânico oriundo da cozinha dos servidores do campus, o que corresponde a 1,80 kg/dia em média, no entanto, vale ressaltar que não são todos os servidores que utilizam a cozinha com frequência e que cada servidor possui uma lixeira em sua própria sala, fato que pode ser responsável pelo baixo volume de lixo orgânico coletado. Durante os 25 dias do experimento foram coletados 181,85 kg de lixo orgânico (somente material cru, como cascas de legumes e verduras, não sendo contabilizado e nem coletado os restos de comida) do RU, o que corresponde a uma média de 7,27 kg/dia. Quanto ao esterco de galinha, foi utilizado somente 7,4 kg. Referente a amostragem de 10 m² dos resíduos vegetais oriundos da roçada dentro do campus, foram obtidos 1,92 kg, totalizando ao final do experimento 236,23 kg de lixo orgânico produzido nos 25 dias do período experimental. O processo de compostagem foi finalizado em maio de 2017, dando origem a um composto de excelente qualidade. Dentre os próximos passos do projeto estão a confecção de um artigo científico com dados mais completos, acerca de número de servidores do campus, número de pessoas que almoçam no RU e tamanho do campus em área, afim de se obter a quantidade de lixo produzido ao longo de um mês, seis meses e um ano, com o intuito de calcular o tamanho necessário de uma composteira ou até mesmo um biodigestor que vise tratar os resíduos orgânicos produzidos dentro do campus. O composto obtido a partir do processo de transformação poderá ser utilizado nos jardins, dentro do próprio campus e, quando excedente, doado a comunidade externa.

Palavras-chave


Responsabilidade Socioambiental; Reaproveitamento de resíduos; Compostagem.

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