ESTRESSE HÍDRICO EM PLANTAS FORRAGEIRAS: UMA BREVE REVISÃO
Resumo
As plantas adotam mecanismos capazes de auxiliar a integridade das suas estruturas e a manutenção de processos metabólicos durante o estresse hídrico. A partir disto, esta revisão tem como objetivo abordar aspectos relacionados às respostas morfofisiológicas frente ao estresse hídrico. A água é uma molécula que participa de todas as funções vitais dos organismos. Nas plantas, o conteúdo hídrico chega a ser de 90%, atuando como transportadora de solutos e ajudando na dissipação de calor. Quando existe redução no conteúdo de água disponível para a planta, uma série de mecanismos são utilizados na proteção contra o estresse hídrico. A partir do fechamento dos estômatos, ocorre redução significativa na fotossíntese e transpiração. Além dos efeitos estomáticos, existe os efeitos não-estomáticos, que estão relacionados com os processos bioquímicos, ocasionados pela redução da atividade dos estômatos. O acumulo de moléculas oxidantes, devido ao excesso de excitação dos elétrons, exige que as plantas produzam elementos anti-oxidantes. Esses mecanismos são, geralmente, observados em casos de estresse hídrico severos. Contudo, cada espécie vegetal possui suas peculiaridades diante da redução de água disponível. Assim, faz-se necessário compreender os mecanismos gerais de proteção em situações estressantes.
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PDFReferências
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