Zoonoses e Primatas: Riscos, Prevenção e Saúde Única
Resumo
As zoonoses são doenças que podem ser transmitidas entre animais e seres humanos, e entre os diversos grupos animais envolvidos nessas interações, os primatas não humanos ocupam um papel de destaque devido à sua proximidade genética e comportamental com o homem. Entre as zoonoses de maior relevância nesse contexto, destacam-se as arboviroses, doenças virais transmitidas por mosquitos vetores, como febre amarela, dengue, zika vírus e chikungunya, que representam sérios desafios à saúde pública e à conservação da fauna silvestre.Essas doenças emergem e reemergem em decorrência do desequilíbrio ambiental, da expansão urbana em áreas florestais e do aumento da mobilidade humana, fatores que intensificam o contato entre humanos, primatas e vetores. Assim, compreender o círculo epidemiológico dessas infecções — isto é, a interação entre o agente etiológico, o hospedeiro e o ambiente — torna-se fundamental para o controle efetivo das transmissões.O presente trabalho tem como objetivo geral orientar viajantes e profissionais de saúde sobre os mecanismos de transmissão das doenças compartilhadas entre humanos e primatas, cujos vetores são mosquitos, com enfoque nas medidas preventivas e na vigilância epidemiológica. De forma mais específica, busca-se descrever o círculo epidemiológico das principais arboviroses que afetam ambos os grupos, orientar sobre a importância da prevenção e do controle vetorial, e conscientizar os possíveis hospedeiros quanto à relevância das vacinas disponíveis e outras estratégias de proteção.A pesquisa foi desenvolvida por meio de uma metodologia de caráter bibliográfico, descritivo e qualitativo, utilizando como fontes bases de dados científicas reconhecidas — SciELO, PubMed, OMS, OPAS e Ministério da Saúde. Foram analisados artigos e documentos que abordam as zoonoses virais envolvendo primatas, especialmente no contexto das arboviroses e da abordagem Saúde Única (One Health), que integra saúde humana, animal e ambiental.A análise dos materiais permitiu compreender que as arboviroses possuem um ciclo complexo, no qual os primatas atuam como hospedeiros amplificadores e os mosquitos, como vetores intermediários. A febre amarela, por exemplo, ilustra de forma clara essa dinâmica, pois pode circular entre primatas e mosquitos silvestres antes de atingir populações humanas desprotegidas. Nesses casos, a vacinação e o controle vetorial são as principais formas de prevenção.Além disso, a conscientização de profissionais de saúde, turistas e comunidades rurais sobre os riscos de transmissão é essencial para evitar surtos e proteger tanto a população humana quanto os ecossistemas. O fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica e ambiental, aliado à educação em saúde, reforça a importância da integração interdisciplinar proposta pela Saúde Única.Conclui-se que as zoonoses virais compartilhadas entre humanos e primatas exigem uma abordagem conjunta e preventiva, que considere os aspectos biológicos, ecológicos e sociais envolvidos na sua disseminação. A cooperação entre setores da saúde humana, animal e ambiental é indispensável para reduzir os riscos de transmissão e promover uma convivência mais segura e equilibrada entre as espécies.
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